Considerações de alma

E não importa o que dizem. O que se passa aqui dentro não cabe julgamentos, defesas nem promotoria afetiva. Meu peito não está, nunca esteve no tribunal, cercado de leis, protegido pelos direitos humanos. Se ainda me cabe algum direito, quero a minha ligação. Quero a conexão com o bem. Direito primordial de quem abre os olhos todos os dias esperando o melhor. Cansada já estou, sim. Não quero mais lero-lero. Não preciso de indecisão. Pausas, só se forem aquelas preenchidas por mil compassos. Onde o silêncio é confortável, que haja cheiro de jasmim. Que passe brisa macia por dentro de mim. Que respirar seja mais fácil do que tem sido ultimamente. Porque se há um decreto, uma palavra a ser levada em consideração, eu digo com sinceridade: só me interessa a reciprocidade. O que vem de peito um para peito outro. O que não precisa de cobrança, simplesmente porque é notória a vontade mútua. O que vem de todo coração e não nega um instante, um beijo, uma mão na mão. Sossega, peito. Respira alma. Porque quem já escreveu muito sobre isso, bem sabe: “não há o que esperar, nem o que desesperar”.

*as aspas são de Caio Fernando Abreu.

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