Bati uma laje no Varanda


Ando sumida, eu sei. Desses momentos que você precisa deixar de ser um pouco pra ser muito mais lá na frente, sabe? Parei um pouco com minha religiosidade gostosa de escrever aqui, mas não parei de sentir falta de estar aqui com vocês e, egoistamente, comigo mesma. Mas aí, eu comecei a ver foto e querer escrever por cima dela. Assim: mais curtinho, exercitando a difícil arte de ser resumida com algo tão sem dimensões como sentimento. Bom, sendo ainda mais resumida, criei um puxadinho, um cantinho, bati uma laje no Varanda de Letras e fui borboletear no facebook. Lá te espero no Palavra-Retrato. Atenção: não é o Varanda e nem o substituirá, mas vai ser gostoso te ver por lá também.
Um beijo,
Ludi.









Tenho aflições com o tempo


Corro desvairadamente para dar conta do que é essencial. Não dou. Pego pra mim os inadiáveis, os irremediáveis, o que não é meu. Pego. Corro pra resolver a vida dos outros como se fosse a minha. Corro. Canso de correr, correr, correr e não alcançar. Não alcanço a minha própria vida. Tenho muitas outras pra cuidar. Vivo assim. Meus ponteiros apontam outros tempos. Tempos outros que conjugam este meu presente histérico e ofegante de ser.

dalua





É aluada,
mas tem os pés
suavemente
firmes no chão.

Tem fases,
mas nunca se opõem
às janelas
ensolaradamente
escancaradas.

Anoitece,
mas
sem demora,
amanhece.

DomDeMar





Ele é feito oceano
Ele e seu olhar
De suave-mar
Ele e sua serenidade
De pescador que aguarda
E sabe aguardar
O mar vazar
E vai tranqüilo
Percorrendo meus atlânticos
Enfrentando as correntezas
Navegando meu sonhar.

um pedido ao amor

Mesmo que
nada aconteça,
por favor,
me aconteça.

De onde vem a Saudade


Sem encontrar uma palavra
para traduzir a saudade,
os americanos decidiram, então
mostrar o quanto ela machuca:
criaram um míssil.

Aos angustiados de amar




Do tempo que o amor leva
Devolve pra gente um sabor de liberdade
Cor de absinto com luz negra
E aquele gosto de vodka amanhecida em pista de dança

Do tempo que o amor leva
Doa também um bocado de braços, abraços, laços
Traz amigos fiéis debaixo de chuva e sol
Abre os nossos poros de sentir o outro seja lá o que o outro for

Do tempo que o amor leva
Traz também um pouco de rugas
Sim, traz
Um baldinho de lágrimas limpando nossa visão
E abrindo nosso olhar para outras belezas

Do tempo que o amor leva
Traz também uma gratidão
Um muito obrigado por ser você a existir no outro
Um brega “valeu a pena” cantado de olhinho fechado

Do tempo que o amor leva
Nos leva, sim
Ao encontro do outro
Que levou tempo demais pra nos encontrar
Que caiu do cavalo branco
Que estava perdido no caminho do “Era uma vez”
Mas acaba de tropeçar na unha do mindinho do nosso pé-destino

Do tempo que o amor leva
Acredite
Nunca é tempo demais
Para o muito
Que o amor traz.


Basta uma pitada e um pouco de calor

Para crescer
Dobrar de tamanho
Extrapolar limites
Transbordar
Derramar
Fazer estrago.

Sentimento é fermento.

diferenças

Sentir muito
não é vantagem.
É desigual.
Sempre.

Visita boa!



Visita boa é assim: chega inesperada e sempre deixa um carinho com gostinho de quero mais. E foi assim que aconteceu com a visita da Revista Plano B na nossa Varanda. Chegaram com um papo bom, falamos de poesia, me fizeram lembrar de como tudo isso começou e foi muito gostoso. Daí, que depois de toda essa delícia, a Varanda ainda entrou numa matéria sobre poesia baiana na internet. Que tal? ;)
Bom, pra resumir, a revista é muito bacana. Uma iniciativa de gente xóvem e bonita que quer falar mais e mais sobre cultura e sobre uma Bahia que é muito maior do que o trio elétrico. Vale a pena uma conferida, uma curtida e uma compartilhada. Por que não, né? heheheh. Beijos em todos e em cada um da equipe, obrigada pela lembrança carinhosa e voltem sempre pra essa Varanda que vocês já sabem: é nossa.
:)


PS: pra quem não percebeu os links espalhados pelo texto, aqui vai a sopa no mel!

Reconheço





Te reconheço, meu amor, pelo cheiro. Esse que você me dá no canto direito da testa e diz que está lá, o meu perfume mais gostoso (mesmo eu não passando perfume na testa). Te reconheço, meu amor, por esse seu jeito bonito de ser delicado, sensível e me tirar lágrima da lágrima sua. Te reconheço, meu amor, pelo som. Por tudo que eu escuto através de você, por toda canção que você me dedica, pelo som mansinho que é a sua voz no meu ouvido. Te ouço. Te reconheço, meu amor, pelo seu toque. Pelo quentinho que vem da sua mão carinhosamente em qualquer parte de mim. Pelo seu carinho quentinho, te reconheço. Te reconheço amor, na letra do Chico, na voz do Milton, na poesia do Caê, na novidade do Cícero, nas camisetas poéticas, nas palavras poéticas, na sua existência poética. Te reconheço, amor, na sua poesia tão inteira quanto presente em cada pequeno gesto que me faz, todos os dias, te reconhecer meu. Meu amor.

mais uma xícara, bem quentinha




Chamego começa com chá
porque é gostoso, quentinho
e faz um bem danado. 
=)

all we needs

Mais do que amor,
o que todo mundo precisa
é de amor sempre.

To tomando café,
mas deveria estar tomando um cafuné.
To me esticando de cansaço,
mas deveria tá encolhida num abraço.
Tô fazendo drama,
mas deveria tá deitada na cama.

tempo diminuto


Minhas agendas
viraram brechinhas
minhas horas
viraram minutinhos
meus poemas
viraram versinhos
mas, meu coração...
meu coração continua
caidinho, caidinho.