inocência não-perdida

E daí que hoje eu percebo que dor é coisa que nem sempre dói. Nem sempre dói tão profundamente ao ponto da falta de ar, da ausência de vida. Sim, eu sei como é doer assim. Mas coração vai aprendendo, vai apanhando, vai se enchendo de curativos, se curando. (suspiro) ainda bem. Ainda bem que hoje eu sinto, mas não sinto tudo de tudo. Não me tira o chão. Não arde na alma. A gente vai se acostumando, né? Aprendendo a minimizar o que já é menor por si só. Ensinando a si mesmo as manhas de sobrevivência em tempos tão incertos. Peito meu ainda engatinha. É criança traquina que sabe que vai ralar o joelho, mas prefere o risco à falta de vida. Prefere o tombo à ausência de vento na cara. Prefere a alegria do risco ao risco do pouco viver. E quer viver assim: sem pára-quedas. Quer todo o sabor de tudo que é sentimento. Fazer o quê? Ser repleta é tudo que eu sei.

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