Me ocorreu que sentimentos
nasceram e existem para serem eternos. E isso mexe também com muitas certezas e
fórmulas de muito filósofo de plantão. Sentimentos não acabam. Nem mesmo quando
as pessoas acabam. Sentimentos continuam. Sei lá, pelo menos os bons
sentimentos (prefiro acreditar assim). Poxa, todo mundo, de alguma forma,
acredita em um algo mais que nos rege. O sol, os antepassados, Deus, Buda...
Afora as crenças tão bonitas
quanto particulares, eu também creio no pra sempre que é sentir. Se meu amor
existiu, ele continuará existindo como amor. Puro. Fraterno. Se quem a gente
ama não existe mais, se não nos vive mais, se a gente não quer saber mais,
tanto faz: não é a gente que decide a hora de parar de sentir. Que bom! Imagino
que do jeito que o mundo anda egoísta e imediatista, imagino o quanto de
sentimento a gente não perderia por ai, por simples descrença, preguiça ou sei
lá o quê.
Sentir não é de terra. Não é
biodegradável. Não é de pó. Sentir é de ar. É o que a gente respira em cada
abraço. É matéria-prima do oxigênio que compõe nossos átomos-alma. Aquela sensação
de flutuar, de sentir chão faltar, de conhecer alguém de outras vidas, de amar
antes de si próprio. Isso, me desculpem, não pode ser matéria racional com
botão off. Não seria justo tanta evolução do ser se perder assim. Sentimentos,
dos bons, que bom: não terminam no fim.
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