divã

Ando pelas vastidões de mim, topo naquela estrela sem hora, sem brio, sem mais. Olho pro lado, uma criança que brinca com a boneca nova e acha lindo ela ser pretinha. Do outro lado, menina, joelho carimbado pelas peripécias de uma infância que até hoje jorra nos seus espelhos d’água. Balanço naquela velha gangorra do parque, jogando meus pezinhos pra cima, indo mais alto que o alto, imaginando tocar as nuvens com meus mindinhos. Na descida descem também os joelhos já cicatrizados, embora não se possa dizer o mesmo da alma. Cicatrizes mais já existem. Algumas sarando, outras, muitas outras, vivas, sedentas. Alguns passos à frente. Uma mulher cruza a calçada. Cheia de (in) certezas sobre a vida, o universo e tudo mais. Cheia de informações, culturas, citações, conhecimentos, desconhece apenas o essencial: a sua essência. Sabe sim, do que foi. Sabe mal, o que quer ser. Sabe da sua mutação, da sua origem. Sabe pouco do muito que cabe em si. Não sabe se um dia saberá tudo, mas tem certeza que hoje, começa a entender um pouco.

6 comentários:

Patty disse...

Que viagem...

Pablo disse...

Compreendo...

mila disse...

ah! eu adorei... :) fofo. (aproveito pra roubar o espaço e dizer que tô com saudade de patty e pablo tb!hihih! e imensamente de vc.)

Tati disse...

vejo um pouco do filme A Origem nesse pequeno texto....

Ludi disse...

e depois eu é que viajo rsrsrs

Coleto disse...

Genial Lud!