Rosa-flor





Passou pela cabeça dela
Voltar a ser menina
Voltar à inocência,
das brincadeiras de rua,
Aos limites do condomínio,
Às fugas vespertinas,
Ao papel de carta perfumado,
Às mentirinhas brancas.


Olhou para si.
Joelho: machucado
Culpado: última volta longe de casa
Cabelo: despreocupado como o vento
Cabeça: muito, muito ocupada
Tantas histórias, piadas, emílias –
preocupações da sua idade
Na cama: um pinguin adotado e
um hipopótamo de toalha
confessam saudades entre si.


Daí que pediram pra ela escolher uma cor.
E como toda menina da sua idade,
não teve dúvidas:
Deixou os vermelhos piscarem nos semáforos,
Vermelharem nas dançarinas de tango,
Gritarem nas bandeiras comunistas.
Nas mãozinhas dela,
só delicadeza mesmo.

4 comentários:

Thai disse...

Ai que fofo! Adorei. É legal qnd vc lê e consegue visualizar...

Mila Ventura disse...

Tão lindo...
Tão leve...
Tão Ludi...

mila disse...

ai... esse também tá lindo... me fez suspirar e querer voltar a infancia também.

Tai Nascimento disse...

Como as meninas disseram é bom ler e conseguir visualizar.
Eu me vi nesse poema.
Brincadeiras na rua, coleção de papéis de carta, os joelhos machucados.
Quem confessa a saudade na minha cama são um cachorro peludo rosa e uma boneca de pano com um vestido azul claro, assim como o céu nos dias de brincadeiras na rua...
Beijos