A moça do tempo



Engraçado como o tempo tem poder de determinar o que se passa aqui dentro. Se é frio que faz lá fora, aqui dentro se enche de cobertores e vontades macias, quentinhas, aconchegantes. Não me lembro de ter ajustado meus termômetros com São Pedro. Mas é assim que me sinto: filha do tempo. Onde os outonos em mim trazem folhas caídas. Onde aquele ventinho frio arrepia alma inteira. Onde meus olhos percorrem as gotas que escorregam sem permissão e formam uma espécie de poesia úmida. Gosto disso. Acho sensível, bonito, humano, ser como o tempo. Me submeter a ele. Não reclamar, não há o que reclamar. Porque no fim das contas, previsão é sempre previsão – papo furado. O que conta mesmo é o que fazemos de cada raio de sol que repousa nas nossas pálpebras, de cada flor que cresce em nossos poros-jardins, de cada tempo ruim que a gente transforma em letra, música e sorriso.


“Tempo Rei!
Oh Tempo Rei!
Oh Tempo Rei!
Transformai
As velhas formas do viver.”

2 comentários:

Anjos disse...

Olá, bom dia!
Muito linda sua mensagem!!

Ludi disse...

seja lá qual for a cor do céu, bom te ver por aqui. :)